​Acessibilidade nas cidades e construções ainda é um desafio para arquitetos

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 26 de setembro de 2019 às 10:43
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 19:51
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Estudantes de Arquitetura viram em palestra com oficina como um local pode ser deficiente, e não as pessoas

Uma palestra com oficina interativa promoveu atividade prática envolvendo mais de 50 estudantes de Arquitetura para incentivar a formação de profissionais com maior consciência sobre acessibilidade em construções. 

O Estatuto da Pessoa com Deficiência prevê atendimento direcionado sobre essa questão, além de leis específicas nos municípios e no Estado de São Paulo também tratarem do tema.

O evento foi realizado na Unifran, nesta quarta-feira, ao longo de quase duas horas. 

Para criar um ambiente mais real e que os participantes pudessem entender as dificuldades, todos foram convidados a utilizar cadeira de rodas e muletas para identificar problemas da falta de acessibilidade. 

Alguns alunos também vivenciaram como é andar por um prédio sem enxergar absolutamente nada.

“Temos um problema na sociedade que não é a pessoa com deficiência, e sim em como a sociedade não se prepara para que todos tenham espaço. Todos têm capacidade de produzir, se locomover, mas é preciso que a sociedade ofereça os meios para isso. Hoje temos leis que regulamentam e cobram essa acessibilidade. É importante que profissionais fora do Direito saibam dessas legislações para haver o cumprimento delas”, aponta o procurador jurídico da Federação das Apaes do Estado de São Paulo, Acir de Matos Gomes. Ele, que também é vice-presidente da OAB Franca, realizou a palestra.

Conforme Acir, a preocupação em formar profissionais com um olhar mais humano para diferentes situações é um diferencial para as instituições de ensino. 

“Veja que um profissional ou nós mesmos podemos entender que uma pessoa tem deficiência. Mas há uma outra forma de pensar sobre essa questão, que é ‘será que não é o lugar, a construção que é deficiente’ para atender as necessidades das pessoas?”, ressalta.

Durante a palestra, o professor Alexandre Marcelo Bueno, que atua em conjunto com Acir de Matos Gomes no Programa de Pós-graduação em Linguística da Unifran, teve participação.

Ele ressaltou aos estudantes a necessidade de buscar correlações em diferentes áreas do conhecimento na hora de tratar de problemáticas do dia a dia para tentar propor soluções com enfoque multidisciplinar e que atendam de maneira mais ampla as necessidades das pessoas. 

O professor no curso de Arquitetura e coordenador Mauricio de Azevedo Valentini foi facilitador da palestra com oficina.

Viviane Gaspar, estudante de Arquitetura, experimentou sair da sala de aula com uma cadeira de rodas e andar pelo campus. 

“Tem que fazer uma força no braço, achei complicado (locomover-se).” Julia Figueiredo Costa foi outra participante da palestra e oficina a identificar a importância em se pensar em um local que não seja deficiente com relação à acessibilidade.

“De fato é difícil (andar em um local não adequado). Existe uma força necessária no braço para fazer a cadeira andar, para virar de um lugar para outro. Um percurso com obstáculos dificulta muito a locomoção. É bem complicado não se atentar para essas situações”, reconhece a aluna.

Em Franca, a Associação dos Deficientes Físicos de Franca e Região (Adefi) é uma das entidades que procura trabalhar para haver mais acessibilidade na cidade. 

O não cumprimento das regras de acessibilidade pode resultar em multas. 

Caso recente, de agosto de 2019, envolvendo a Justiça Estadual e a Prefeitura de Ribeirão Preto indica a necessidade de cumprimento das normas que constam na Associação Nacional de Normas Técnicas (ABNT) em escola pública municipal. 

Em casos de prédios públicos, o Ministério Público pode atuar para cobrar uma intervenção.


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