Abastecimento volta ao normal nos supermercados, mas os preços disparam

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  • Publicado em 29 de março de 2020 às 20:43
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 20:32
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Pesquisa da Apas mostra que os aumentos chegam a 90% no caso da batata e de 54% no leite longa vida

Depois da corrida desenfreada dos consumidores aos supermercados ter deixado as prateleiras vazias, o ritmo de abastecimento parece ter voltado ao normal. 

Uma marca ou outra pode estar em falta, mas praticamente não há falta de produtos, nem mesmo de papel higiênico ou álcool em gel.

O problema é que agora os preços dispararam. A política de descontos que era oferecida a clientes de programas de fidelidade praticamente acabou e, combinado a isso, os supermercados estão pagando mais caro para repor seus estoques.

“A associação esclarece que está preocupada com esses aumentos e que não aceita e nunca aceitou aumentos injustificados”, diz a Apas (Associação Paulista de Supermercados).

Os estoques voltaram ao normal?  Robson Munhoz, vice-presidente da Neogrid, empresa especializada em monitoramento de estoques, diz que o pior da falta de reposição já passou. 

“Dentro da categoria leite, por exemplo, pode ser que falte uma marca, mas algum tipo de leite vai estar disponível no ponto de venda.”

Estudo da Neogrid mostra como anda o índice de ruptura (falta de produto na gôndola). Entre os itens com maior problema estão o álcool em gel, álcool de limpeza, leite longa vida, toalha de papel, papel higiênico e vinagre.

Segundo Munhoz, não há risco de desabastecimento, pois as fábricas estão ampliando a produção para dar conta do aumento da demanda. Por isso, vale lembrar, não é preciso fazer estoque em casa.

Por que os preços estão subindo? Munhoz atribui esse movimento a dois fatores: 1) fim da política de descontos; 2) oportunismo. 

“O varejo acostumou a população a comprar em promoção. Quase metade dos produtos à venda em uma loja de porte médio é vendida com desconto. O que acontece é que esses descontos foram retirados para evitar que as pessoas comprassem demasiadamente. Tinha gente comprando demais e deixando outras sem nada.”

Já os  aumentos absurdos, infelizmente, acontecem porque há quem se aproveite de momentos de temor de desabastecimento para elevar preços. 

“Os consumidores devem somente fazer a compra de itens necessários a seu consumo, pois isto fortalece o conceito da negociação dos supermercados com os fornecedores por preços mais justos”, diz a Apas.

O que mais a Apas disse sobre isso?  “Os supermercados estão tentando negociar custos com seus fornecedores, mantendo a mesma margem de comercialização.”

As vendas subiram muito? Sim. Munhoz afirma que as vendas dos supermercados foram equivalentes à de cinco ou sete Natais, só que em poucos dias de março: 16, 17,18, e 19. 

“As pessoas compraram como se não houvesse amanhã. Compraram mais do que na véspera de Natal, que é uma época de aumento de compra porque as pessoas recebem visitas.”

Mas esse aumento todo é justificado? O vice-presidente da Neogrid diz que não necessidade de estocar, mas também diz que há motivos para as pessoas comprarem mais alimentos: elas estão fazendo todas as refeições em casa agora.

Quanto os preços aumentaram? Os aumentos variam conforme a dificuldade de reposição. Pesquisa da Apas (Associação Paulista de Supermercados) mostra que os aumentos chegam a 90% no caso da batata e de 54% no leite longa vida. Preços de legumes como abobrinha (21%) e cenoura (23%) também dispararam, de acordo com o IPCA-15.

Como vão fica as coisas daqui para a frente? Munhoz diz que as vendas vêm caindo desde o dia 23, mas que ainda estão acima da média do período pré-coronavírus. “Pode ser que tenha uma nova alta na próxima semana, pois muitas pessoas vão receber seus salários e devem se reabastecer.”

Quanto aos preços, infelizmente, a tendência é de que continuem mais altos por vários motivos, como pressão do dólar e aumento do custo de produção.

*6Minutos


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