A SINA O boxeador e o vestibulando precisam vencer

  • Língua Portuguesa
  • Publicado em 9 de setembro de 2019 às 20:45
  • Modificado em 8 de abril de 2021 às 14:20
compartilhar no whatsapp compartilhar no telegram compartilhar no facebook compartilhar no linkedin

Assim é: Pisou no ringue. Começa a luta.

Assim é: O sangue pulsa. Começa a disputa.

Assim é: Os olhos do oponente dizem: “Vou ganhar”; os seus têm que dizer: “Não vou perder”.

Assim é: Ganhar. Perder. Começa a luta.

Assim é: A vida é um ringue. Grita o apresentador: “Segundos, fora!”.

Na verdade: A luta começa, assim que começa o treinamento.

Na verdade: Todo mundo nasce sozinho, meu amigo. Todo mundo morre sozinho.

Na verdade: “Se você tem medo de perder, já perdeu”.

O seu medo alimenta o seu oponente. Pelo corredor apertado, só passa um: “Segundos, fora”. Dois não ocupam a mesma vaga: “Segundos, fora”.

Você ou ele? A vida é assim, há os que tocam e os que dançam; os que batem e os que apanham. Há os que entendem que a força está na tática, na observação e na adaptação.

Você ou ele? A vida é assim, há os que vivem pedindo desculpas aos outros e os que vivem sabotando a si mesmos; os que fracassam sem intenção; os que fracassam com razão; os que se diminuem frente aos concorrentes; os que se escondem.

Quando você mente para os outros, há um problema: knockdown.

Quando você mente para si mesmo(a), o problema é ainda maior: nocaute.

Você entrou no treinamento com medo de apanhar? Seu adversário sem pena de bater. Ele escolheu o sparring mais forte, aquele de quem poderia apanhar. Você escolheu aquele em que poderia bater. Escolher o caminho mais fácil, quase sempre não é a melhor escolha. Treino é treino; o jogo é jogo. Simulado não é vestibular.

Você gosta de esportes? Vamos trazer a filosofia do esporte para dentro do vestibular. Gosto muito do trabalho de alguns técnicos. Um dos que mais admiro é Bernardinho: ganhou 28 títulos em 16 anos. É o maior vencedor da história dos esportes coletivos. Primeiro, propôs-se a recuperar a autoestima dos jogadores brasileiros. Nossa seleção era baixa para os padrões do vôlei mundial. A velocidade, então, passou a ser nossa arma letal. Os adversários aprenderam, tornaram-se rápidos. A consistência defensiva, então, se tornou nossa arma letal. Os adversários melhoraram suas defesas. A imprevisibilidade, então, se tornou nossa arma letal. Os adversários copiaram as jogadas. Nossa força mental passou a ser o nosso grande diferencial. Nossa seleção estabeleceu a maior hegemonia da história. Bernardinho se reinventou sempre, para vencer.

John Speraw, treinador dos EUA, estudou o Brasil e a segurança que virou “soberba”. O Brasil ganhava, antes de ganhar, então jogou a isca. Ganhávamos dos EUA na fase de classificação, mas perdíamos na decisão. Speraw percebeu que, a única forma de vencer, era criar estratégias mentais. É preciso aprender com o adversário, porém nunca ter medo dele.

“Mudando de pato para ganso”: Vencida a Copa do Mundo Feminina, a capitã Megan Rapinoe afirmou que sua seleção não entrou para jogar a copa, mas para ganhá-la. Disse que poderia soar como arrogância? Sim, mas, segundo ela, não: a seleção é apenas a extensão da cultura do seu país, da mentalidade vencedora implantada desde sempre.

Citei exemplos dos esportes americanos, adeptos dos treinos dos fundamentos e da força mental, mas poderia citar outros projetos vencedores, como os de Pepe Guardiola e Jurgen Klopp. O vestibular é competição. “Segundos, fora”. Muitos jogos são definidos aos 49 minutos do segundo tempo; o vestibular também. Ainda há tempo.

Meu amigo, este é o momento em que você começa a ganhar ou perder sua vaga na universidade. É o momento em que todo mundo reclama de cansaço. É o momento em que reclama de tudo. Alguns se agarram à reclamação, para dizerem que estão ansiosos ou depressivos. Força mental é a resposta: não cultive esse hábito danoso de sofrer por antecipação. Crie suas estratégias. Conscientize-se de seus limites. Controle seus medos. Quem passa, não é o mais inteligente, nem o mais esperto, mas o que melhor se adapta às regras da competição. 


+ Educação