“A MÚSICA E OS MÚSICOS”

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 3 de setembro de 2019 às 16:41
  • Modificado em 29 de outubro de 2020 às 23:44
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O guitarrista Al Kooper sempre foi irrequieto. Aos 15 anos já cantava numa banda chamada Royal Teens, que chegou a emplacar dois hits instantâneos. Logo passou a compor sob encomenda para diversas gravadoras e foi ele quem gravou o riff de órgão em “Like a Rolling Stone”, de Bob Dylan, em 1965. Tinha então 17 anos e topou a gravação ao ser desafiado e meio que desprezado pelo produtor do disco.

Como há muito queria ter sua própria banda,em 1967 uniu-se a Steve Katz e formaram um grupo com o objetivo de fundir um tipo de blues-rock selvagem ao jazz, que batizaram de Blood, Sweat & Tears. Lançaram um bem sucedido álbum denominado Child Is Father To The Man, mas Kooper desistiu do grupo logo após esse fato, o que não desanimou Katz e os demais membros, correndo logo atrás de outro cantor, fechando com o canadense David Clayton-Thomas, o que foi um ótimo negócio. Retrabalhando as idéias de Kooper, numa linha mais pop, o Blood, Sweat & Tears chegou ao primeiro lugar das paradas, faturando um Grammy como disco do ano.

Mesmo pelos padrões dos anos 60, o álbum era muita areia pro caminhão da banda, sustentado por duas releituras psicodélicas da primeira peça das Trois Gymnopedies, de Eric Satie e centrado num pouco ousado tema de jazz-rock de 12 minutos. Mesmo assim, há muita coisa boa: as versões com arranjos de metais de “Smiling Faces”, do Traffic e de “And When I Die”, de Laura Nyro. Também a interpretação muito forte de “You’ve Made Me So Very Happy”, original de Brenda Holloway, e a super destacada “Spinning Wheel”. Era arriscado regravar “God Bless The Child”, de Billie Holiday, mas o convincente Clayton-Thomas mostrou-se à altura de tal tarefa.

O sucesso da banda durou pouco. Após envolver-se em campanhas políticas com apoio declarado, a credibilidade do Blood foi a zero. Apenas os mais apaixonados pelo jazz, jazz-rock, blues e suas derivações, sem quedas pra outro lado que não fosse a música, é que continuaram cultivando a arte desta que foi uma das bandas mais emblemáticas dos últimos tempos.

O que Al Kooper acha disso está em sua divertida autobiografia, Backstage Passes And Backstabbing Bastards.

Veja aí esta raridade : “And When I Die”.

Fontes : “1001 Discos Para Ouvir Antes de Morrer”- Ed. Sextante

Revista da Música

Arquivo Pessoal de Dados

Foto: Divulgação


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