Em seu sétimo álbum de estúdio, “The Man-Machine”, o grupo alemão Kraftwerk provou que o poder da música eletrônica não estava em truques elaborados, mas na simplicidade zen do domínio científico.
O criativo projeto artístico da banda deu uma guinada conceitual nesse álbum, lançado em maio de 1978, cuja capa simbólica fazia referência ao modernista russo El Lissitzky e as músicas falavam de um mundo cada vez mais autômato de alienação urbana, de engenharia da era espacial e de fama sem glamour.
Tal visão futurista da fusão da humanidade com a tecnologia está presente tanto na faixa-título como em “The Robots”, outra piada em cima da imagem andróide da banda. Para o lançamento do disco, o quarteto de Düsseldorf encomendou robôs iguaizinhos a seus integrantes, que passaram a ser acessórios permanentes dos shows. O uso de vozes sintéticas se tornaria uma característica do som sempre em evolução do Kraftwerk. O mesmo álbum apresenta um lado dolorosamente romântico e melancólico na faixa “Neon Lights” e a veia satírica dos compositores em “The Model”, referendo-se à indústria da beleza.
O retrato profético da cultura da celebridade tornou-se um cartão de visitas do Kraftwerk, vindo a inspirar futuras gerações de artistas do techno-pop dos anos 80, como Human League, New Order, Pet Shop Boys e Depech Mode.
The Man-Machine revela contida uma grande capacidade de síntese, através das variações de temas percussivos repetitivos e uma interação quase clássica entre as partes de sintetizador.
Confira, a seguir, Kraftwerk em “The Robots”.
Fontes : “1001 Discos Para Ouvir Antes de Morrer” – Ed. Sextante