A cada 10 pessoas, uma é diagnosticada com TDAH: casos crescem 100%

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  • Publicado em 9 de agosto de 2019 às 16:40
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 19:43
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Especialista destaca que transtorno tem sido confundido com outros sintomas como a desatenção

O número de diagnósticos de Transtorno do
Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH), tanto na fase infantil quanto na
adulta, tem aumentado significantemente. Hoje, a cada 10 pessoas, uma recebe o
diagnóstico. No entanto, de acordo com pesquisas, os dados reais são uma a cada
20, pois o transtorno tem sido confundido com outros sintomas como, por
exemplo, a desatenção.

Segundo a neuropsicóloga Marcella Bianca, é
bastante comum pacientes com queixas de que não conseguem se concentrar, a não
ser que estejam sozinhos ou em casa totalmente desconectados do mundo digital.
“Profissionais diagnosticam esses pacientes com TDAH, mas quem apresenta o
transtorno não consegue se concentrar em nenhum contexto. Não importa se é
somente quando se está sozinho. A partir do momento que ele consegue se
concentrar, não tem TDAH”, alerta a especialista.

Marcella explica que existem outros fatores
que levam a diagnósticos errôneos como a tecnologia. O Spotify, famoso serviço
de streaming, identificou que 25% das pessoas pulam a música antes dos 5
segundos e 50% não ouvem a música até o final. De acordo com a neuropsicóloga,
é preciso distinguir o que é uma impulsividade patológica e o que é uma
impulsividade comum. “Não estão levando em consideração que nós já somos
impulsivos de modo geral por causa da tecnologia, do quanto ela está sendo
rápida e fácil. Não podemos falar que é um transtorno de atenção ou até mesmo
uma desatenção se os sintomas de ansiedade são altos”, explana.

Outro fator que não se pode ignorar é a
exaustão do cérebro. “É bastante comum as pessoas aumentarem a carga
horária de estudos para passar em concursos e vestibulares, chegam a ficar 10
horas estudando, sem pausa, e se esquecem de que o ser humano não consegue
absorver tanto conteúdo e se manter focado por tanto tempo assim. Há muitas
pessoas com a queixa de que não consegue aprender, prediagnosticando algum
problema de atenção, mas não é! É a sobrecarga que está depositada em cima do
cérebro sem as pausas adequadas”, analisa Marcella.

A especialista conta que, atualmente, há mais
diagnósticos de TDAH do que realmente se tem.

“Chega a queixa de desatenção e o
profissional, às vezes, só investiga o fator de desatenção. Ele não investiga
memória, linguagem, o cérebro e as emoções, principalmente. Não vê depressão ou
ansiedade, que levam a alteração na atenção, mas não se tratam de um problema
atencional, não é o TDAH”, conclui a neuropsicóloga.